terça-feira, 13 de junho de 2017

Na cheia no Amazonas, a Justiça chega ao cidadão de canoa


“Nesse período de cheia do rio, precisamos utilizar canoas para nossa locomoção dentro da cidade. Não é fácil porque nem todas as pessoas têm uma voadeira para se locomover. Muita gente vem remando e há lugares em que a canoa encalha, então é preciso vir andando, dentro d’água”.

Esse é um relato do diretor de secretaria da comarca de Anamã, Elieder Bonet Abensur, um dos municípios amazonenses fortemente atingidos pela cheia do rio Solimões, no leste do estado.

Ele falava da dificuldade dos trabalhos cartoriais das comarcas do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) no período de enchente dos rios, cujo ápice se dá entre os meses de junho e julho.

Para chegar ou sair do fórum, os servidores do judiciário precisam usar canoas – também chamadas de catraias – ou de “voadeiras” (canoas movidas a motor).

“Bem em frente ao fórum precisamos colocar uma sinalização, com pedaços de madeira, para indicar às pessoas que há um buraco naquele local. É um desafio levar os serviços da Justiça numa época dessas, mas, ao mesmo tempo, sentimos uma grande satisfação”, relata Abensur.

O repórter fotográfico Raphael Alves, da equipe de comunicação do TJ-AM, registrou essa realidade em Anamã, cidade mais atingida pela cheia do Solimões.


Ele levantou que quase metade das audiências judiciais pautadas nos últimos dois meses foi prejudicada porque o oficial de Justiça não conseguiu notificar as partes.

“Muitas famílias deixam suas casas e vão ficar com parentes nesse período; e têm aquelas pessoas que não conseguem comparecer ao fórum também devido à enchente”, disse Abensur.

O auxiliar de serviços gerais Francisco Silva, de 32 anos, dá um bom exemplo da dificuldade que sofre também o cidadão para acessar os serviços do fórum nesta época.


“Vim de canoa, mas tem uma área perto do fórum que não dá para passar (o nível da água está mais baixo nesse local e a embarcação encalha). Deixei a canoa um pouco distante e vim a pé, dentro de água”, afirmou.

Silva correu risco de ser picado por cobra ou arraia, ou ainda levar um choque de poraquê, acidentes comuns nessa época nos beiradões dos rios do Amazonas.

Fotos: Raphael Alves/TJ-AM

Com informações do TJAM e Portal BNC

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