O Oficial de Justiça Márcio Paulo de Prado foi vítima de agressão na noite de terça-feira (9), durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em Riolândia, cidade localizada a cerca de 30 km da comarca de Paulo de Faria (SP). O episódio é descrito pelo servidor como um dos momentos mais críticos de sua carreira, tendo colocado em risco a sua vida.
De acordo com Márcio, a diligência tinha como objetivo a apreensão de uma motocicleta. No local, o morador retornou do trabalho e reagiu de forma violenta. O homem tentou fugir com o veículo, mas foi impedido. Em seguida, entrou em casa e retornou armado com um podão (espécie de foice), avançando contra o Oficial de Justiça e contra o representante da financeira que acompanhava o ato.
Na tentativa de escapar, o servidor caiu duas vezes em meio a uma construção, lesionando o joelho, que já apresentava problemas anteriores. O agressor, no entanto, conseguiu alcançá-lo e incitou um cão da raça Doberman contra o Oficial, que acabou mordido no braço.
“Foi um momento em que pensei que não iria sobreviver. Só consegui sair porque Deus me protegeu”, relatou o Oficial de Justiça, ainda abalado com a violência sofrida.
A Polícia Militar foi acionada e permaneceu no local até a meia-noite, em negociações para conter a situação. Durante o confronto, a maleta funcional do servidor, que continha todos os mandados judiciais, foi furtada. O material foi posteriormente recuperado por advogados locais que prestaram auxílio após o incidente.
Márcio recebeu atendimento médico em um hospital da região e segue em recuperação. Além dos ferimentos físicos, ele relatou dificuldades emocionais após o episódio: “É terrível demais. Faz duas noites que não consigo dormir, pela dor e pelo impacto psicológico. É muito difícil passar por isso”.
O presidente da AOJESP (Associação dos Oficiais de Justiça do Estado de São Paulo), Cássio Ramalho do Prado, destacou que o caso é mais um exemplo dos riscos enfrentados cotidianamente pela categoria. Ele afirmou que a entidade vai recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo para que seja aplicada a Lei 15.134/25, que prevê aumento de pena para crimes cometidos contra Oficiais de Justiça.
“Esse episódio lamentável mostra, mais uma vez, o risco diário que os Oficiais de Justiça enfrentam no cumprimento de suas funções. Não podemos aceitar que servidores públicos que representam o Poder Judiciário sejam expostos a tamanha violência. É preciso dar uma resposta firme para garantir respeito e segurança à categoria”, afirmou.
A AOJESP não informou se o agressor foi preso.