sexta-feira, 30 de agosto de 2024

"Ele falou que ia meter bala na gente, que o carro ia sair de lá arrastado", conta oficial de justiça vítima de cárcere privado em Caxias do Sul

Em investigação

Crime aconteceu na semana passada, quando a profissional foi até uma revenda de carros cumprir mandado de busca e apreensão. No local, o homem que a recebeu fechou a revenda e passou a ameaçá-la. Episódio foi tema de debate em reunião entre servidores e presidente do Tribunal de Justiça do RS


Oficial vítima de cárcere tem 25 anos de atuação. Ela conta que nesse período nada parecido havia acontecido.Neimar De Cesero / Agencia RBS

Uma hora de ameaças e tensão. É assim que a oficial de justiça vítima de cárcere privado na semana passada descreve os momentos em que esteve presa em uma revenda de carros por um homem, em Caxias do Sul. Ela não teve a identidade divulgada por questões de segurança.

O caso aconteceu no dia 20, no bairro De Lazzer. A oficial foi até o local cumprir um mandado de busca e apreensão de um veículo. Quando se identificou, o homem que a recebeu revenda trancou o estabelecimento e passou a ameaçá-la.

— Eu fui até a revenda acompanhada de um representante do banco. Assim que disse quem eu era e o que fui fazer, o homem fechou a revenda e disse que ninguém saía de lá, só morto. Ele ficou exaltado, falou que ia meter a bala na gente, que o carro só ia sair de lá arrastado – relata a oficial.

Com 25 anos de atuação no Poder Judiciário, a oficial de Justiça conta que nunca viveu situação semelhante. Mesmo diante do momento de pressão, ela relata que conseguiu se manter calma e pedir ajuda a Brigada Militar. Contudo, o efetivo só chegou no local cerca de uma hora depois.

Depois de efetuar a prisão do homem, uma arma de fogo foi localizada na revenda. A oficial de Justiça e o representante do banco não se feriram. A medida foi cumprida e o carro levado. O caso será investigado pela Polícia Civil. Um dia após o incidente em Caxias, uma oficial de Passo Fundo também foi vítima de violência.

Violência contra oficiais de Justiça é reincidente

Na mesma semana em que os casos aconteceram, a Associação dos Oficiais de Justiça do Rio Grande do Sul (Abojeris) divulgou um plano emergencial para situações semelhantes. Os oficiais passaram a ter um canal direto com o serviço de inteligência do TJ-RS formado por militares. Quando acionado, o serviço direciona uma equipe para garantir a segurança do oficial de Justiça.

Contudo, a Abojeris busca aprimorar o protocolo de segurança dos oficiais de Justiça. Por isso, o presidente da entidade, Valdir Bueira da Silva esteve em Caxias do Sul nesta quinta-feira (29) e participou da reunião com o presidente do TJ-RS, desembargador Alberto Delgado Neto.

Conforme Silva, o contexto do encontro foi oportuno para que a entidade reforçasse junto ao Tribunal de Justiça a necessidade de garantir a segurança dos oficiais de Justiça.


Presidente da Abojeris, Valdir Bueira da Silva, busca apoio do TJ-RS na elaboração de protocolo de segurança para oficiais de Justiça.Neimar De Cesero / Agencia RBS

— A questão da ameaça, do risco, é constante. Esses casos de Caxias do Sul e Passo Fundo foram extremos, mas isso acontece diariamente em todas as 165 comarcas. A gente liga, mas sabemos que a Brigada Militar não consegue chegar no momento que precisamos. Entendemos a situação, mas não deixa de ser uma cobrança junto ao Tribunal de Justiça. Também esperamos com esse encontro apoio do TJ na elaboração do protocolo de segurança para os oficiais – explica Silva.

À reportagem, o presidente do TJ-RS reafirmou o envolvimento do núcleo de inteligência no acompanhamento dos casos, bem como o suporte prestado aos oficiais de Justiça vítimas. Contudo, Neto afirmou que os riscos “de incomodação dessa natureza são inerentes à atividade”.

— É natural que o oficial sofra algum constrangimento no cumprimento dos mandados. Agora, (quando há) risco para a segurança, as providências máximas são tomadas todos os dias. Tanto que no episódio de Caxias nada aconteceu de segurança pessoal, na verdade, nada aconteceu em relação à pessoa em si. Foi uma questão de ameaça, que está sendo apurada – declarou o presidente.

InfoJus: com informações do Jornal Pioneiro

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