domingo, 30 de março de 2025

Inteligência artificial no Judiciário: CNJ alerta para benefícios e riscos do uso da tecnologia

V CONOJUS

Conselheiro Ulisses Rabaneda apresenta a Resolução nº 615 do CNJ e ressalta que a inteligência artificial deve ser transparente, auxiliar o trabalho humano e envolver participação coletiva em sua construção.


A inteligência artificial na área jurídica foi o tema do terceiro painel do segundo dia do V Congresso Nacional dos Oficiais de Justiça (V Conojus), realizado na manhã desta quarta-feira (27). O palestrante foi o conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ulisses Rabaneda, com mediação do oficial de justiça do TJMT, Edson Alviano.

Ulisses fez uma ampla explanação sobre a Resolução nº 615 do CNJ, que ainda está em vacância legal e entrará em vigor em quatro meses. A norma estabelece diretrizes para o uso de sistemas de inteligência artificial no Judiciário, com foco em segurança, transparência e participação social.

Segundo o conselheiro, a inteligência artificial é, em essência, uma ciência computacional que permite que máquinas realizem tarefas que tradicionalmente dependiam da inteligência humana. “O desafio agora é dominar essa ferramenta para que ela nos traga benefícios concretos, otimize o trabalho e beneficie a sociedade”, afirmou.

Durante a apresentação, Ulisses explicou o funcionamento da IA generativa, capaz de criar novos conteúdos – que podem ser verdadeiros ou falsos – a partir de comandos inseridos. Ele alertou sobre os riscos das alucinações da IA, como a geração de citações, jurisprudências ou ementas inexistentes, caso os comandos sejam mal formulados.

Para enfrentar esses riscos, a Resolução nº 615 propõe a criação de comitês com participação plural – incluindo magistratura, OAB, Ministério Público e sociedade civil organizada – para o desenvolvimento e fiscalização de sistemas de IA. "Uma inteligência artificial que não é transparente é um risco. A confiança só é possível quando sabemos como ela foi construída", pontuou o conselheiro.

Entre os benefícios, Ulisses destacou que a IA pode processar grandes volumes de informações com rapidez, tornando o trabalho mais ágil. “Um processo com 50 mil páginas pode ser analisado de forma muito mais eficiente. E isso também pode beneficiar os oficiais de justiça, por exemplo, na elaboração de certidões e outras tarefas operacionais”, explicou.

Apesar do potencial, o conselheiro foi enfático ao afirmar que a IA não pode substituir o juiz: “A decisão judicial é um ato intelectual e humano. A IA deve apenas auxiliar, nunca concluir por si só um caso concreto”.

O conselheiro trouxe dados de uma pesquisa realizada pelo CNJ. Cerca de 50% dos magistrados e servidores já utilizam ferramentas de IA disponíveis na internet, embora poucos saibam como utilizá-las de forma segura. O uso de sistemas próprios criados pelos tribunais ainda é reduzido, o que reforça a importância de capacitação e regulamentação.

Ulisses também falou sobre o modelo de IA baseada em risco, que analisa o nível de interferência da tecnologia conforme o impacto das demandas. Casos mais sensíveis exigirão maior controle e monitoramento.

Para o conselheiro, a atuação dos oficiais de justiça nesse contexto é fundamental. “A inteligência artificial já está entre nós. E vocês, oficiais e oficialas de justiça, devem se apropriar dessa discussão. Contem sempre com o CNJ para que o Judiciário seja cada vez mais efetivo. Para isso, é essencial a participação de vocês”.

InfoJus Brasil: com informações do Sindojus-MT

quarta-feira, 26 de março de 2025

V Conojus debate papel do Oficial de Justiça na era da Inteligência Artificial




Teve início nesta quarta-feira (26) o V Congresso Nacional de Oficiais de Justiça - CONOJUS, que segue até sexta-feira (28), no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá/MT. O evento, promovido pela Federação das Entidades Sindicais de Oficiais de Justiça do Brasil (Fesojus-BR) e pelo Sindojus-MT, tem como tema “Oficial de Justiça 5.0 – Carreira Essencial à Justiça e os desafios da Inteligência Artificial” e reúne especialistas e autoridades para debater os impactos das novas tecnologias na profissão.

A programação conta com palestras de nomes de destaque no cenário jurídico nacional. Entre os convidados confirmados estão os conselheiros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Ulisses Rabaneda do Santos e Marcello Terto, que participarão das discussões iniciais no dia 27. Também marcam presença os desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Clarice Claudino da Silva e Jorge Luiz Tadeu, além do juiz auxiliar da Presidência do TJMT, Emerson Cajango.

Os debates abordarão temas como inteligência artificial aplicada ao Direito, a importância do Oficial de Justiça na execução de medidas judiciais, combate à violência contra a mulher, assédio moral e saúde mental no serviço público, além do papel do oficialato na mediação e conciliação de conflitos. Também será discutida a atuação da Frente Parlamentar dos Oficiais de Justiça do Brasil e outros desafios enfrentados pela categoria.
Lançamento de livro

Durante o evento, será lançado o livro “Oficialato de Justiça – Reflexões sobre inovação profissional e o uso de ferramentas tecnológicas no Poder Judiciário”, uma iniciativa do Sindojus-MT em parceria com a Fesojus-BR. A obra reúne análises sobre a evolução da carreira e os impactos das novas tecnologias na rotina dos Oficiais de Justiça.

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Câmara dos Deputados realiza sessão solene em homenagem ao Dia Nacional do Oficial de Justiça


O Plenário da Câmara dos Deputados foi palco, na manhã desta quarta-feira (26/03), de uma Sessão Solene em comemoração ao Dia Nacional do Oficial de Justiça, celebrado em 25 de março, conforme estabelecido pela Lei nº 13.157, de 4 de agosto de 2015. O evento foi presidido pelo deputado federal Coronel Meira (PL-PE), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Oficiais de Justiça e contou com a participação de diversas autoridades e parlamentares.

Estiveram presentes na sessão solene deputados de diferentes bancadas, incluindo a deputada Erika Kokay (PT-DF), André Figueiredo (PDT-CE) e Eduardo Pazuello (PL-RJ). Um dos destaques do evento foi a presença do ex-deputado federal Charlles Evangelista, que também é oficial de justiça do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), reforçando a importância da categoria na estrutura do Poder Judiciário.

O evento também contou com a participação de oficiais de Justiça de diversas regiões do Brasil, além de representantes de associações e sindicatos da categoria. As principais entidades nacionais da categoria - FESOJUS, SINDOJAF, AFOJEBRA e FENASSOJAF - marcaram presença e reforçaram a luta por melhores condições de trabalho e segurança para os profissionais. Os representantes dessas entidades defendem a aprovação do PL 4015/2023 e a necessidade de políticas públicas que garantam maior proteção aos oficiais de Justiça no desempenho de suas funções.

Durante a solenidade, o líder do governo na Câmara, deputado federal José Guimarães (PT-CE), manifestou apoio à tramitação e aprovação do Projeto de Lei 4015/2023, que trata de demandas da categoria. O PL reconhece as atividades dos oficiais de justiça como de risco permanente, aumenta a pena para quem comete crime contra esses profissionais no exercício das funções ou em razão delas, além de garantir outras medidas de segurança. Em sua fala, Guimarães ressaltou a relevância dos oficiais de justiça para o sistema judiciário brasileiro e se comprometeu a atuar para que a proposta avance na pauta legislativa.

A sessão teve início às 9h e foi encerrada às 10h59, destacando-se como um importante momento de reconhecimento da atividade dos oficiais de justiça, que exercem um papel essencial na efetivação das decisões judiciais em todo o país. Os discursos dos parlamentares enfatizaram a necessidade de valorização da categoria e de melhores condições de trabalho para os profissionais que atuam na linha de frente da Justiça brasileira.

Confira na íntegra a Sessão Solene:



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terça-feira, 25 de março de 2025

Dia Nacional do Oficial de Justiça: Reconhecimento e Desafios da Categoria


Neste 25 de março, o Brasil celebra o Dia Nacional do Oficial de Justiça, uma data que visa reconhecer a importância dessa categoria fundamental para o funcionamento do sistema judiciário. Responsáveis por levar a Justiça ao cidadão, os oficiais de Justiça exercem um papel essencial na concretização dos direitos e na garantia da efetividade das decisões judiciais. No entanto, a profissão também carrega grandes desafios e riscos, incluindo a violência no exercício da função.

O papel essencial do Oficial de Justiça

Os oficiais de Justiça são servidores do Poder Judiciário responsáveis por cumprir as determinações dos magistrados. Entre suas funções, estão o cumprimento de mandados de citação, intimação, penhora, arresto e despejo, além da condução coercitiva de testemunhas, afastamento de maridos agressores do lar, prisões, reintegrações de posse e outras ordens judiciais. Em muitos casos, o cumprimento dessas ordens exige sensibilidade, técnica e até mesmo coragem, pois o oficial de Justiça frequentemente se depara com situações tensas e hostis.

Além disso, são fundamentais para a efetivação da justiça social, garantindo que a lei seja aplicada de forma equânime, independentemente da posição social das partes envolvidas nos processos. Dessa forma, são a ponte entre o Judiciário e a sociedade, levando a Justiça até aqueles que dela necessitam.

Riscos e desafios da profissão

O exercício da função de oficial de Justiça impõe desafios significativos. Devido à natureza de suas atividades, esses profissionais enfrentam frequentemente situações de risco, lidando com pessoas insatisfeitas com decisões judiciais, criminosos e até casos de violência doméstica.

Nos últimos 20 anos, pelo menos 30 oficiais de Justiça foram assassinados no Brasil no exercício da função, em razão dela ou outras situações de violência. O número alarmante expõe a vulnerabilidade desses profissionais, que muitas vezes trabalham sozinhos e sem a devida proteção policial. Além da violência física, há relatos frequentes de ameaças, agressões e perseguições, tornando a profissão uma das mais perigosas dentro do serviço público.

A categoria tem reivindicado medidas de proteção mais eficazes, como a implementação de escoltas policiais para o cumprimento de determinados mandados, a criação de protocolos de segurança e o fornecimento de equipamentos de proteção individual.

Reconhecimento e valorização

A valorização dos oficiais de Justiça passa não apenas pelo reconhecimento da sociedade, mas também por melhores condições de trabalho, remuneração adequada e garantias de segurança no exercício da função. O Dia Nacional do Oficial de Justiça é uma oportunidade para refletir sobre esses desafios e buscar soluções que garantam mais proteção e dignidade a esses profissionais.

Neste dia 25 de março, é essencial destacar a importância dos oficiais de Justiça e reforçar a necessidade de políticas públicas que assegurem a integridade física e psicológica desses servidores. Afinal, sem eles, o Judiciário não consegue alcançar sua finalidade maior: garantir a Justiça para todos os cidadãos.

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sexta-feira, 21 de março de 2025

Assassinato de Oficial de Justiça em Rondônia evidencia periculosidade da profissão

OFICIAL DE JUSTIÇA: ATIVIDADE DE RISCO


A morte brutal do Oficial de Justiça Baltazar Rossato, em abril de 2012, em uma rodovia de Rondônia, é um dos muitos casos que evidenciam a vulnerabilidade desses profissionais, que cotidianamente enfrentam riscos para levar a justiça ao cidadão. O caso reforça a necessidade do reconhecimento oficial da atividade de risco da categoria e melhores condições de trabalho.

O crime

No dia 14 de abril de 2012, Baltazar Rossato, de 56 anos, seguia para sua propriedade rural localizada a 100 km de Porto Velho, na BR-319, sentido Humaitá (AM), quando foi emboscado e morto a tiros. Testemunhas relatam que ouviram cinco disparos seguidos do som de uma motocicleta fugindo em direção à capital rondoniense. Ao chegarem ao local do crime, encontraram Rossato caído sobre o banco do carona, com a porta aberta e sem sinais de vida. No exame pericial, foram constatadas duas perfurações de bala no corpo da vítima. A hipótese de latrocínio foi descartada, pois seus pertences e uma quantia de R$ 1.084,00 permaneciam intactos.

A investigação e a condenação

As investigações levaram à prisão de Nelson Souza Barros, suspeito de envolvimento no crime. Em 2013, a Justiça do Amazonas condenou Nelson Souza Barros a mais de 15 anos de prisão pelo homicídio.

Profissão de alto risco e falta de investigação adequada

O assassinato de Baltazar Rossato é apenas um dos diversos casos de oficiais de justiça mortos em circunstâncias violentas no Brasil. Muitas dessas mortes ocorrem fora do expediente, podendo estar relacionadas a vinganças por conta das atividades desempenhadas. No entanto, falta uma investigação aprofundada sobre os diversos homicídios da categoria em todo o país.

Oficiais de justiça são responsáveis por dar cumprimento a decisões judiciais, muitas vezes enfrentando situações hostis, ameaças e retaliações. Apesar disso, ainda não possuem reconhecimento oficial da atividade de risco, o que implica na falta de proteção adequada e na exposição constante ao perigo.

A luta pelo reconhecimento da atividade de risco

A categoria continua a reivindicar melhores condições de trabalho e o reconhecimento formal do risco inerente à profissão. A inclusão da atividade na legislação como de risco poderia garantir medidas de segurança mais efetivas, como porte de arma, treinamento especializado e segurança institucional.

O caso de Baltazar Rossato é um lembrete trágico de que a justiça precisa olhar para aqueles que a fazem acontecer, garantindo sua segurança para que possam continuar desempenhando seu papel essencial na sociedade.

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quinta-feira, 20 de março de 2025

Reunião de líderes confirma PL 4015 na pauta do plenário da Câmara dos Deputados no dia 25 de março


A luta pelo reconhecimento do risco da atividade desempenhada pelos Oficiais de Justiça avança no Congresso Nacional. Nesta quinta-feira (20), a reunião de líderes na Câmara dos Deputados confirmou, com unanimidade, que o Projeto de Lei 4015/2023 estará em pauta do plenário na próxima terça-feira (25), Dia Nacional do Oficial de Justiça.

A decisão foi um consenso entre as lideranças partidárias e ocorre em homenagem ao Dia Nacional do Oficial de Justiça e em respeito à Oficiala de Justiça agredida em Minas Gerais no Dia Internacional da Mulher. A mobilização intensa das entidades representativas nacionais, incluindo o Sindicato Nacional dos Oficiais de Justiça Federais (SINDOJAF), a Fenassojaf, a Fesojus e a Afojebra, foi essencial para garantir essa conquista.

Ao longo da semana, dirigentes das entidades intensificaram os esforços, promovendo ações de mobilização na Câmara dos Deputados para assegurar a inclusão do PL na ordem do dia. O apoio da Frente Parlamentar em Defesa dos Oficiais de Justiça, através do presidente Coronel Meira, também foi fundamental para a confirmação da matéria na pauta.

O PL 4015/2023 é um marco na luta pela valorização e proteção dos Oficiais de Justiça, reconhecendo os riscos inerentes à profissão. A expectativa agora é que os deputados avancem na análise e aprovação da proposta.

Diante desse avanço, SINDOJAF, Fenassojaf, Fesojus e Afojebra convocam toda a categoria para estar presente em Brasília na próxima terça-feira (25), acompanhando de perto essa importante votação. A participação massiva dos Oficiais de Justiça será decisiva para fortalecer a pressão pela aprovação do PL 4015.

Sendo aprovado no plenário da Câmara dos Deputados o PL 4015/2023 será enviado para sanção do Presidente Lula.

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quarta-feira, 19 de março de 2025

Um Tiro na Justiça: O Assassinato da Oficial de Justiça Terezinha Vieira


A série especial "Oficial de Justiça: Atividade de Risco", do InfoJus Brasil, expõe a vulnerabilidade desses profissionais, que diariamente enfrentam ameaças ao cumprir determinações judiciais. Entre os casos mais impactantes está o brutal assassinato da oficial de Justiça Terezinha Vieira de Sousa, ocorrido em 27 de maio de 2006, em Samambaia, a apenas 32 quilômetros da Praça dos Três Poderes, o coração político do Brasil.

Execução em pleno cumprimento do dever legal

Terezinha Vieira de Sousa, uma servidora exemplar de 51 anos, cumpria mandados em um sábado aparentemente comum quando foi abordada por dois criminosos. O ataque aconteceu por volta das 12h30. Ela foi atingida por um tiro na cabeça, morta de forma covarde enquanto trabalhava. Os acusados, Paulo René Alves Sampaio e Damião Nascimento Silva, foram presos e condenados por latrocínio (roubo seguido de morte), recebendo penas de 24 e 20 anos e seis meses de prisão, respectivamente.

No entanto, a versão de que foi um assalto mal sucedido sempre gerou dúvidas. Familiares e colegas de Terezinha acreditam que o crime pode ter sido uma represália direta à sua função de oficial de Justiça. No momento do ataque, ela estava intimando uma pessoa em prisão domiciliar, já envolvida em vários processos criminais. Testemunhas apontaram que os assassinos tentaram levar seu carro, mas desistiram diante da presença de testemunhas. Para Denis Lopes, então presidente da Associação dos Oficiais de Justiça do Distrito Federal (Aojus), não há dúvidas: “Ele sabia que ela era oficial de Justiça. Isso é fato”.

Dor e revolta

A perda de Terezinha causou comoção e indignou a categoria. Durante seu velório, colegas de profissão protestaram contra a falta de segurança e exigiram providências. Seu filho mais velho, Richard de Souza, destacou a dedicação da mãe ao trabalho e lamentou a crueldade do crime: “Não existe nenhuma possibilidade dela ter reagido. Foi covardia desse cara!”.

Pouco mudou em mais de uma década

Mais de 18 anos após a tragédia, a realidade dos oficiais de Justiça segue marcada pela insegurança. Segundo representantes sindicais e associativos dos oficiais de Justiça, a categoria continua exposta a riscos extremos. Ou seja, continuam indo sozinhos, desarmados, sem coletes balísticos, sem informações sobre o destinatário da diligência e sem comunicação rápida com o Tribunal.

As ameaças vão além de roubos e homicídios. Oficiais de Justiça frequentemente relatam casos de agressões, ameaças, sequestros e violência psicológica, o que tem causado um alto índice de afastamentos por problemas de saúde mental. O assassinato de Terezinha foi um alerta que ainda não foi ouvido. Os oficiais de Justiça continuam desprotegidos.

Homenagens e a luta pela segurança

O TJDFT homenageou Terezinha nomeando a Sala dos Oficiais de Justiça do Fórum de Taguatinga em sua memória e concedendo à sua filha a Comenda “Alta Distinção”. No entanto, para os colegas, a verdadeira homenagem seria a adoção de medidas concretas para garantir a segurança da categoria.

As entidades representativas dos oficiais de Justiça em todo o Brasil pressionam pelo reconhecimento legal da atividade como de risco. Entre as principais reivindicações estão o porte de armas, o fornecimento de equipamentos de proteção e melhorias na estrutura de apoio durante o cumprimento de mandados. “Se os oficiais deixarem de entregar os mandados, a Justiça para”, enfatiza Alexandre Mesquita, oficial de Justiça, em publicação na imprensa.

O caso de Terezinha Vieira de Sousa permanece como um símbolo da fragilidade da segurança dos oficiais de Justiça. Sua morte escancarou a exposição desses profissionais ao perigo e reforçou a necessidade urgente de mudanças estruturais. Enquanto a Justiça tarda em agir, os oficiais seguem enfrentando o risco diário, muitas vezes sem qualquer proteção, mas com a missão inabalável de levar a Justiça a todos os cantos do país.

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terça-feira, 18 de março de 2025

Uma morte anunciada: Assassinato do Oficial de Justiça Juarez Preto revelou situação de violência contra a categoria

Quem leva justiça não pode ser vítima da insegurança

Imagem: informativo Hora Certa, Abojeris, Julho-2008.

A execução brutal do oficial de justiça Juarez Preto, em 2008, em Caxias do Sul (RS), evidenciou a violência enfrentada diariamente por esses profissionais no cumprimento de seu dever. O caso, marcado por vingança e brutalidade, levou à condenação do criminoso, mas também deixou um alerta: a segurança dos oficiais de justiça continua negligenciada.

A morte de Juarez Preto

Na noite de 30 de abril de 2008, Juarez Preto realizava uma diligência quando entrou em um bar para pedir informações e foi reconhecido por Roberto da Conceição Araújo. O criminoso, que havia sido alvo de medidas do Juizado da Infância e Juventude, decidiu se vingar do oficial de justiça e, sem qualquer aviso, sacou uma arma e atirou à queima-roupa, atingindo o pescoço de Juarez, que morreu no local.

O impacto do crime foi imenso. Colegas de profissão, familiares e amigos de Juarez clamaram por justiça e por mais proteção para os oficiais de justiça. Durante o julgamento do assassino, muitos compareceram vestindo camisetas com a frase "Segurança pra quem leva Justiça", reforçando o pedido por melhores condições de trabalho para a categoria.

Julgamento e condenação

Dois anos após o crime, em 2010, Roberto da Conceição Araújo foi levado a julgamento. O tribunal do júri, após 10 horas de sessão, condenou o réu a 21 anos de prisão pelo homicídio e mais um ano e dois meses pelo crime de receptação, pois foi preso dirigindo um carro roubado enquanto tentava fugir. Ao todo, a pena ficou em 22 anos e dois meses de reclusão.

A sentença trouxe algum alívio para a família e para os colegas de Juarez, mas não apagou o sentimento de revolta e insegurança que continua a assombrar os oficiais de Justiça em todo o Brasil.

A profissão e os riscos a ela inerentes

O caso de Juarez Preto é apenas um entre tantos outros exemplos de violência sofrida pelos oficiais de justiça. Responsáveis por cumprir decisões judiciais, esses profissionais realizam citações, intimações, prisões, buscas e apreensões, penhoras, reintegrações de posse e afastamento de agressores em casos da Lei Maria da Penha. Muitas dessas diligências são realizadas em ambientes hostis, colocando a vida dos oficiais em risco constante.

Diante dessa realidade, a categoria continua exigindo medidas de segurança urgentes, como o reconhecimento da atividade de risco, o direito ao porte de arma para defesa pessoal, equipamentos de segurança, treinamentos especializados e apoio psicológico para lidar com as adversidades da profissão.

A morte de Juarez Preto não pode ser esquecida. Seu caso representa o drama vivido por milhares de oficiais de justiça, que seguem exercendo sua função essencial para a Justiça, mas sem a proteção necessária para garantir sua própria sobrevivência.

A série "Oficial de Justiça: Atividade de Risco", do InfoJus Brasil, mostra os perigos enfrentados pelos oficiais no cumprimento de mandados. Com relatos reais, a produção expõe ameaças, agressões e atentados sofridos pela categoria, destacando a necessidade de mais segurança e reconhecimento para esses profissionais.

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segunda-feira, 17 de março de 2025

Justiça sob tiros: O Assassinato da Oficial de Justiça Sandra Regina Smaniotto e a luta por segurança


No dia 23 de abril de 2009, a Oficial de Justiça Sandra Regina Ferreira Smaniotto foi brutalmente assassinada enquanto cumpria seu dever em São Paulo. O crime, cometido pelo ajudante-geral Reinaldo do Carmo Guerreiro, de 31 anos, expõe os riscos enfrentados diariamente pelos Oficiais de Justiça no cumprimento de ordens judiciais.

O crime

Sandra, que atuava como Oficial de Justiça havia 22 anos na 3ª Vara Cível do Fórum Regional de Santo Amaro, foi alvejada com nove tiros enquanto cumpria um mandado de busca e apreensão de uma motocicleta na região da Guarapiranga, zona sul de São Paulo. O autor do crime, um ex-presidiário com histórico de roubo e extorsão, confessou o assassinato e justificou sua ação como uma reação ao "jeito" como a servidora falou com ele.

A Polícia Civil descartou qualquer possibilidade de conduta irregular por parte da Oficial de Justiça e destacou que Sandra foi vítima de um crime premeditado. De acordo com relatos, o criminoso chegou a ligar para a servidora e combinou o encontro no local da apreensão, onde a emboscou e efetuou os disparos.

A condenação do assassino

Cinco anos após o crime, em 2014, Reinaldo do Carmo Guerreiro foi julgado e condenado a 24 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e porte ilegal de arma de fogo. O julgamento contou com a presença de diversos Oficiais de Justiça, vestidos de preto, que fizeram vigília até a sentença final.

O medo e a insegurança na categoria

O assassinato de Sandra Regina Ferreira Smaniotto intensificou o receio entre os Oficiais de Justiça. Segundo a Associação dos Oficiais de Justiça Avaliadores do Estado de São Paulo (ASSOJASP), a profissão enfrenta um cenário crítico de insegurança, agravado pelo déficit de mais de 4.000 servidores no estado.

A categoria denuncia constantemente as ameaças e agressões verbais sofridas no exercício da função. Entre as principais reivindicações está a liberação para o porte de arma de fogo e a oferta de treinamentos de autodefesa. Muitos profissionais afirmam que atuam desarmados e sem qualquer suporte policial em situações de alto risco, como despejos, reintegrações de posse e cumprimento de mandados de prisão.

O reconhecimento da atividade de risco

O caso de Sandra Smaniotto é apenas um entre vários exemplos da periculosidade enfrentada pelos Oficiais de Justiça. A categoria busca o reconhecimento legal da atividade de risco, a fim de garantir melhores condições de trabalho e medidas de segurança que reduzam os perigos diários da profissão.

Os Oficiais de Justiça desempenham um papel essencial no funcionamento da Justiça, sendo responsáveis por executar ordens judiciais, realizar intimações, citações, penhoras, apreensões, reintegrações de posse e diversas outras funções fundamentais para a efetividade do Judiciário. No entanto, sem a devida proteção, continuam vulneráveis a ataques e represálias.

O assassinato de Sandra não pode ser esquecido. Sua história reforça a necessidade urgente de mudanças na legislação e na segurança dos Oficiais de Justiça, para que possam exercer seu trabalho com dignidade e proteção adequada.

A série "Oficial de Justiça: Atividade de Risco", do InfoJus Brasil, mostra os perigos enfrentados pelos oficiais no cumprimento de mandados. Com relatos reais, a produção expõe ameaças, agressões e atentados sofridos pela categoria, destacando a necessidade de mais segurança e reconhecimento para esses profissionais.

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OFICIAL DE JUSTIÇA: ATIVIDADE DE RISCO


O site InfoJus Brasil lança uma série de reportagens destacando os riscos enfrentados pelos oficiais de Justiça durante o cumprimento de mandados judiciais. Ao longo dos anos, diversos profissionais tombaram no exercício de suas funções, vitimados pela violência que permeia a execução das ordens judiciais.

Responsáveis por transformar decisões judiciais abstratas em ações concretas, os oficiais de Justiça cumprem uma variedade de mandados, desde comunicações processuais até prisões, passando por despejos, penhoras, buscas e apreensões, reintegrações de posse, constatações e verificações. Recentemente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Resolução 600/2024, ampliou suas atribuições, incluindo a inteligência processual para localização de bens e pessoas.

As entidades representativas da categoria lutam pelo reconhecimento da atividade de risco, pleiteando melhores condições de trabalho e segurança. Desde a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003), mais de 30 oficiais de Justiça perderam suas vidas no exercício da profissão. Esse cenário tem intensificado as mobilizações da classe para garantir proteção e respeito aos profissionais.

Nesta série de reportagens, relembramos casos de violência contra oficiais de Justiça que chocaram a categoria e a sociedade. Um desses casos foi o assassinato da oficial de Justiça Sandra Regina Ferreira, ocorrido em 2009 durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão de um veículo.

Sandra, de 48 anos, foi morta por Reinaldo do Carmo Guerreiro, que deveria ter seu veículo apreendido devido ao atraso nas prestações. Ela nem chegou a descer do carro quando foi surpreendida pelos disparos do criminoso, que efetuou nove tiros contra o veículo. Reinaldo, que já havia cumprido pena por roubo e extorsão, foi preso em flagrante e indiciado por homicídio doloso. O crime gerou comoção entre colegas de profissão e reforçou o apelo por medidas que garantam mais segurança aos oficiais de Justiça.

Ao longo desta série, o InfoJus Brasil dará visibilidade a outros casos e aprofundará a discussão sobre a necessidade de reconhecimento da atividade de risco. Acompanhe e participe desse debate essencial para a justiça e segurança dos profissionais que atuam na linha de frente do Poder Judiciário.

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