sábado, 23 de maio de 2015

CAXIAS DO SUL: Impasse com apoio policial a oficiais de Justiça prejudica vítimas da violência doméstica

Servidores dizem ter perdido apoio para cumprir medidas cautelares de urgência

O descumprimento de ordens judiciais deixa a perigo cidadãos que dependem de medidas protetivas em Caxias do Sul. O problema, até então mantido nos bastidores, se agravou por força da burocracia.


Oficiais de Justiça afirmam ter perdido boa parte do apoio policial para retirar agressores de dentro de casa ou prender acusados de crimes por meio de mandados expedidos por varas cíveis e criminais. O comando da Brigada Militar (BM) garante que a parceria se mantém, mas dentro da capacidade de atendimento da corporação e com agendamento.

O descompasso afeta a condução de testemunhas ou réus para depoimentos, intimações, busca e apreensão de bens e ordens de despejo, entre outros. Em média, varas criminais, cíveis e especiais expedem cerca de 10 mil mandados/mês para serem executados pelos 31 oficiais lotados na Comarca caxiense. Um terço das ordens emitidas por juízes abrange medidas cautelares de urgência, e um significativo volume é relacionado à violência doméstica. Com o impasse, dezenas de mandados travam antes de sair do Fórum.

Quem perde é a população, pois uma ação fundamental para preservar vidas fica engavetada.

O Juizado da Violência Doméstica é onde a falha mais transparece. Inaugurado no final do ano passado para acelerar processos de mulheres agredidas no lar, o setor recebeu de volta mais de 20 medidas cautelares não cumpridas nos últimos dias, segundo o juiz titular Emerson Kaminski.

O magistrado informou que procurou o comando da BM para esclarecer a situação. Uma reunião entre todos os juízes da Justiça de Caxias do Sul será convocada para identificar brechas e propor soluções a curto prazo.

O diretor do Fórum, Silvio Viezzer, só se manifestará sobre o assunto após encontro com a BM e oficiais na próxima semana.

Como impasse afeta a população

Tomando como exemplo uma mulher ameaçada pelo marido:

- A vítima registra a ocorrência de ameaça ou grave agressão na Polícia Civil. A autoridade policial solicita à Justiça o afastamento do agressor do lar. O juiz expede um mandado para retirar o marido de casa e repassa a ordem para o oficial de Justiça.

- Sem apoio de força policial, o oficial de Justiça não cumpre a medida cautelar por entender que há risco para a segurança dele e da vítima. O mandado é remetido de volta para a Vara de origem e a medida protetiva não avança.

- Resultado: a agressor permanece dentro de casa e a vítima corre risco de mais violência ou morte. Nada se resolve.

Contraponto

O que diz o comandante do 12 Batalhão de Polícia Militar (12 BPM), tenente-coronel Ronaldo Buss:

— Continuamos apoiando os oficiais de justiça onde há risco. Quando não há risco, vamos dar atendimentos às demandas normais da cidade. Na prática, os oficiais “disputam” com as outras demandas. Nós apoiamos agora, mas não podemos dar 100% de atenção porque há outros crimes na cidade, a população precisa ser atendida. Toda solicitação que o oficial perceba a parcela de risco, vamos atender. Temos uma patrulha Maria da Penha que já fez 47 prisões somente neste mês, que dá o apoio necessário para esse segmento de violência doméstica. Por outro lado, entendo que precisa haver planejamento. Não adianta solicitar o apoio em cima da hora pois haverá dificuldades. É preciso comunicar antecipadamente.

Fonte: Site pioneiro.com

2 comentários:

  1. Tudo ficaria mais fácil se o Juiz, antecipadamente, mandasse intimar o réu agressor para ele responde nos autos, o dia e hora em que ele (réu), irá dar um tiro no Oficial de Justiça que for cumprir a medida protetiva. Da mesma maneira, os bandidos deveriam agendar com suas vitimas, os locias e dias em que os crimes seriam praticados. Dessa maneira, a PM poderia planejar com mais eficiência as ações a serem tomadas. Se todos, policiais, criminosos e vitimas entrarem em acordo, tudo fica mais fácil. FALA SÉRIO !!!!!!!!!!

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