11 oficiais de justiça e mais 400 agentes de segurança foram destacados para cumprir a ordem judicial.
QUANDO A POLICIA E OS OFICIAIS DE JUSTIÇA CHEGARAM PARA O CUMPRIMENTO do
DESPEJO, AS FAMÍLIAS JÁ HAVIAM MONTADO BARRICADAS NO ACESSO À PRAÇA
Preocupado com a situação enfrentada por mais de 600 pessoas, o governador em exercício Jackson Barreto logo nas primeiras horas de ontem entrou em contato oficialmente com representantes do Ministério Público Estadual, da Ordem dos Advogados do Brasil, e com o próprio juiz Rafael Reis que decidiu atender ao pedido do Governo do Estado e garantir a permanência dos moradores. Conforme informações contidas na agência de notícias do governo, após conquistar êxito em todas as articulações adotadas em prol dos ocupantes, Jackson entrou em contato com o prefeito João Alves Filho (DEM) para informar a determinação recém ajuizada pelo TJ.
Segundo informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/SE), a administração executiva estadual entendeu o derrubamento da liminar como de extrema necessidade devido a vulnerabilidade física e psicológica enfrentada pelos agentes militares e famílias que desde o início da semana garantiram não deixar o local. Para alguns aracajuanos, inclusive moradores do bairro, essa atitude foi adotada em caráter político e eleitoreiro. De acordo com a artesã Verônica Victória dos Santos, apesar dos boatos, a atitude contribuiu diretamente para que todas as famílias não fossem retiradas. "Não sei se esse foi o interesse de Jackson, mas o que podemos dizer é que se não fosse o apoio dele, João tinha botado a gente pra rua novamente".
'Armados' com pedras e pedaços de madeira, os manifestantes ameaçaram partir para agressão caso os policiais e oficiais de justiça decidissem adentrar na comunidade. Além dos homens encapuzados, crianças, idosos, deficientes e gestantes também se mostravam dispostos a lutar para permanecer ocupando a praça. Apesar da liminar emitida no início da tarde de ontem, os moradores permaneceram concentrados até o final da noite a fim de realizar novas manifestações caso a justiça novamente autorizasse a reintegração de posse.
Também reprovando a maneira como o prefeito de Aracaju e a Secretaria Municipal de Ação Social vêm discutindo o futuro das famílias, o marceneiro Ronaldo dos Santos exige que o atual grupo político que administra a capital sergipana cumpra com as promessas de campanha. "Não duvidamos de mais nada do que João é capaz de fazer. Enganou o povo que reclamava de Edvaldo e Déda, e disse que iria melhorar a cidade. Ao menos o ex-prefeito criou o 17 de Março e deu casas para o pobre, João quer botar a gente na rua", criticou.
Risco de confronto - Além da presença de policiais e agentes do Corpo de Bombeiros, assim que a operação começou equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estiveram na comunidade com o objetivo de atender aos casos de desmaios e ferimentos.
No último mês de março, estas mesmas famílias foram obrigadas a deixar as casas populares que ocupavam de forma irregular desde janeiro de 2012. Sem destino, 95% delas decidiram se acomodar na praça e permanecer até que o auxílio moradia fosse repassado, ou que novas casas fossem construídas e entregues para estas famílias.
Alegando novamente não ter para onde ir, o catador de alumínio Gedinaldo Pereira Júnior aproveitou a manifestação para propor uma audiência pública entre os moradores e o prefeito. "Estamos aqui querendo conversar com ele, mas nem atender a gente lá na prefeitura ele quer. Ano passado esteve aqui pedindo voto e agora nem uma satisfação de longe ele quer dar. O que João parece querer é que Aracaju se entupa de mendigo pelas ruas", lamentou.
Compartilhando com as palavras proferidas por Gedinaldo, o advogado Igor Frederico garantiu que as famílias pretendem permanecer ocupando a praça até que um local melhor seja destinado. Atualmente, um galpão localizado nas proximidades do Aeroporto continua repleto de pertences dos moradores que foram encaminhados durante a reintegração de posse realizada há quatro meses.
"Se eles não ficarem aqui, pra onde eles vão? Ocupar as ruas e frentes de lojas no centro comercial? Na realidade as famílias não pleiteiam ficar aqui nesse canteiro de obra sem saneamento básico e segurança. Eles querem um espaço digno para criar seus filhos e ter uma melhor qualidade de vida", afirmou.
Até o final da tarde de ontem a Prefeitura de Aracaju não havia se manifestado quanto a nova decisão adotada pelo juiz Rafael Reis. A perspectiva por parte dos gestores públicos e invasores é que um novo pronunciamento oficial por parte da justiça sergipana seja feita até a próxima semana.
InfoJus BRASIL: Com informações do Jornal do Dia Online
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