Rildo Gomes Carvalho
Os oficiais de justiça
da Paraíba vêm construindo desde 2003 uma entidade que efetivamente
representa de forma independente uma categoria formada por mais de
oitocentos homens e mulheres que diariamente, superando inúmeras
dificuldades, transformam a letra fria das determinações judiciais em
ações concretas que lhes fazem valer o epíteto de “longa manus” do judiciário.
Esta valorosa categoria
estava submetida, até então, à atuação de entidades
pseudo-representativas marcadas por uma atitude subserviente em relação
ao Tribunal de Justiça. Tais entidades eram, e continuam a sê-lo, reféns
do carreirismo e dos interesses pessoais daqueles que se perpetuam à
frente das mesmas há anos e não dão mostras de querer largar o osso. Os
companheiros que fazem parte da categoria desde aquela época lembram-se
com amargura de como nos sentíamos traídos diante dos acordos de
gabinete que punham fim às greves e mobilizações dos oficiais de justiça
da noite para o dia, acordos assinados à revelia dos filiados e tão
somente comunicados nas assembleias.
Diante de tal cenário,
foram muitos os companheiros que lutaram para conquistar a direção
destas entidades e imprimir um novo caráter à luta dos servidores do
judiciário paraibano. No caso particular dos oficiais de justiça, após
algumas tentativas malsucedidas de levar uma chapa de oposição à direção
da AOJEP, ficou claro que persistir na luta dentro daquela entidade
seria desgastante e infrutífero. Cada vez mais crescia dentro da
categoria o sentimento de que só uma nova entidade seria capaz de nos
representar e dar um novo rumo à história do movimento dos oficiais de
justiça.
Foi com este sentimento
que surgiu o Sindicato dos Oficiais de Justiça do Estado da Paraíba
(SOJEP). Antes de tudo, precisávamos de uma entidade com reconhecimento
legal para nos representar e buscamos o registro do sindicato junto ao
Ministério e Justiça do Trabalho. A partir de então, a adesão dos
oficiais de justiça à nova entidade foi crescente e hoje o sindicato
conta com a grande maioria dos oficiais da ativa entre os seus filiados.
Construir uma nova
entidade com um novo caráter não é tarefa fácil. Mas desde o início o
propósito do SOJEP era o fortalecimento da nossa categoria através de
uma entidade independente, representativa e autônoma. Nos embates com o
TJ já vislumbrávamos uma nova atitude: o medo, a subserviência, o
comodismo haviam sido superados e uma nova prática de altivez, firmeza
de propósitos, informação e conhecimento se constituía.
Pouco a pouco, a
autoestima da nossa categoria aumentava, passamos a ter orgulho da nossa
entidade. O sindicato passou a desenvolver um trabalho em que
princípios como a democracia, a transparência, a informação, o respeito
pelas decisões tomadas em assembleia eram saudados por todos.
Esta nova entidade,
marcada por novas práticas na relação com seus filiados, enfrentou
grandes dificuldades para se consolidar. Acostumados com o trato com os
antigos pseudo-representantes, os sucessivos dirigentes do TJ demoraram a
perceber a nova realidade e continuaram a utilizar as mesmas
estratégias no embate com o movimento dos oficiais de justiça: a
intimidação, a cooptação, a intransigência e a truculência.
No entanto, o sindicato
conservou, gestão após gestão, o seu caráter autônomo e independente e
se consolidou como representante efetivo da nossa categoria. A histórica
greve de 2010 em que os oficiais de justiça mantiveram-se mobilizados
durante mais de cinco meses, resistindo a todo tipo de pressões,
inclusive com desconto em seus salários, mas pautando-se por uma atuação
baseada na legalidade e na observância dos ditames da lei de greve,
representou o auge da consolidação e do fortalecimento da nossa
categoria. Aquele foi um movimento conduzido com habilidade, informação e
atitudes efetivas no campo jurídico que respaldavam uma mobilização
massiva dos oficiais de justiça em todas as regiões do estado.
O que conquistamos com a
greve de 2010, a despeito de não termos atingido os objetivos a que nos
propúnhamos, é inegável: autoestima, respeito institucional,
fortalecimento da categoria e do sindicato. Tal herança credencia o hoje
SINDOJUS-PB na relação com o Tribunal de Justiça. Pouco a pouco, a
cultura do diálogo permanente e da negociação efetiva vai substituindo a
era da intransigência e da truculência. A recente aprovação do projeto
que institui a data base dos servidores do judiciário é uma conquista
importantíssima que resulta de todo este processo de lutas e do
fortalecimento da nossa categoria.
No entanto, manter nossa
entidade na trajetória que vem trilhando desde sua fundação é
responsabilidade de cada um de nós, filiados. O SINDOJUS-PB será o
resultado do trabalho permanente de acompanhamento da gestão, de
fiscalização, de discussão, proposição e participação de todos nós, de
acordo com as possibilidades e potencialidades de cada um. Não temos
garantias de que a democracia, a transparência, a autonomia e
independência da nossa entidade perdurarão. Tais princípios só se
efetivarão quanto maior for a organicidade da participação da categoria
na vida do sindicato. Afinal, o SINDOJUS-PB somos todos nós.
Rildo Gomes Carvalho é graduado em Ciências Sociais e oficial de justiça na comarca de Santa Rita.
Fonte: SINDOJUS/PB
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