O oficial de Justiça Marcelo Ribeiro de Barros, baleado no dia 24 ao
tentar cumprir uma ordem judicial de interdição, falou pela primeira vez
após sair do hospital. Ele foi atingido no peito pelo o administrador
de empresas Fernando Behmer Cesar de Gouveia, 33 anos, no bairro
Aclimação, região central de São Paulo.
Além de Barros, um dos enfermeiros da equipe médica que o acompanhava
também foi ferido. A amiga de Gouveia, moradora da casa onde ele estava
hospedado, também foi baleada de raspão.
O administrador se rendeu após quase nove horas de negociação com a
polícia. Na delegacia, alegou que agiu em legítima defesa por pensar,
inicialmente, que se tratavam de criminosos. Barros foi o primeiro a
chegar à casa. Segundo ele, foi recebido pela amiga de Gouveia, que,
inicialmente, achou que ele fosse um pedreiro que ela aguardava.
O oficial contou que apontou o engano e se apresentou. Disse que quando
os enfermeiros entraram para buscar o administrador, a mulher começou a
gritar. Gouveia estava escondido, conforme Barros, atrás de uma parede
falsa.
— O último enfermeiro chegou e falou: “Olha, ele está aqui dentro”. Ele
virou pra ela e falou: “Como é que abre isso daqui?” E no que ele falou
isso, a porta, aquela parede abriu, era uma porta de correr. E ele deu
um tiro no enfermeiro que estava saindo.
Assustado, o oficial não reagiu e também se transformou em alvo.
— Senti alguma coisa bater no meu peito. Eu não sabia o que era.
O oficial de Justiça só percebeu que tinha sido gravemente ferido alguns minutos depois.
— Entrei na casa, sentei no sofá, tirei minha mochila. Levantei a
camiseta para ver se tinha algum furo, o que tinha acontecido. Aí, achei
o furo no meio do meu peito.
A bala bateu em um osso do peito de Barros e desviou e perfurou o
pulmão. Está alojada bem perto do coração, mas não há risco de morte.
Mesmo com o projétil, ele poderá ter uma vida normal. O oficial ficou
oito dias no hospital.
Interdição
A ação havia sido proposta pela mãe do administrador. A defesa dele, no
entanto, está contestando a decisão liminar que determinou a interdição
do rapaz, tomada com base em um parecer que indicava um possível quadro
de esquizofrenia. O documento teria sido elaborado sem uma avaliação
psiquiátrica presencial.
Já o advogado contratado pela mãe do administrador argumenta que há
outros relatórios médicos, assinados por psiquiatras que acompanharam
Gouveia, além de mais um parecer. Ao todo, seriam quatro documentos no
processo, que corre em segredo de Justiça.
O rapaz passará por nova avaliação médica. O laudo definirá o futuro
dele. Se a interdição for derrubada, ele vai permanecer na cadeia e pode
ter liberdade após algum tempo. Se, por outro lado, a interdição for
mantida, ele será transferido para um hospital psiquiátrico, onde pode
ficar o resto da vida, na hipótese de os médicos considerarem que ele
oferece risco à sociedade.
Gouveia está preso no Complexo Penitenciário de Tremembé, a 147 km de
São Paulo. O administrador foi indiciado por seis tentativas de
homicídio, já que teria tentado atirar contra policiais que socorriam a
vítima.
Fonte: R7
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