Em
sua última sessão na Presidência do CNJ (Conselho Nacional de Justiça),
o ministro Carlos Ayres Britto afirmou que o Judiciário é um Poder mal
remunerado. Ao completar 70 anos no próximo dia 18, Ayres Britto se
aposenta no STF (Supremo Tribunal Federal), do qual também é presidente.
"No
Judiciário é inconcebível o desmando e, no entanto, ele não é tratado na
altura de sua dignidade remuneratória", disse o ministro.
Para ele,
as comparações com os salários de juízes de outros países são
indevidas, "pois nos Estados Unidos, por exemplo, é possível adquirir
carros e computadores por preços muito menores, que chegam a um terço do
que se paga no Brasil". Ele enfatizou ainda que Brasília é uma cidade
cara.
Enquanto o
ministro falava, servidores do Judiciário promoviam um buzinaço em
volta do Supremo Tribunal Federal (STF), um protesto por aumento de
salários.
"É
chegada a hora de o CNJ zelar pela autonomia do Judiciário. Ela é do
mais largo espectro. É administrativa, orçamentária, remuneratória",
afirmou Britto.
Segundo o
ministro, o Judiciário é o Poder mais cobrado, mais exigido e o menos
perdoado quando comete desvios. "E deve ser assim. É um Poder garantidor
e fiador da Constituição".
Britto
ressaltou ainda que o Judiciário tem a coragem de vetar comportamentos
antijurídicos e chancelar os retilíneos. Ele não se referiu a um
processo específico, como o mensalão, que está em curso, mas enfatizou
que o STF confirmou a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa e da
Resolução nº 135 do CNJ, que permite ao órgão fazer correições em
tribunais no país.
"O STF é
uma casa de fazer destino e vem mudando a cultura desse país com a
soberania da coragem", apontou o ministro. "Nós temos a coragem de
enterrar ideias mortas", continuou, citando a decisão que autorizou as
pesquisas com células-tronco, o fim da Lei de Imprensa, a autorização da
Marcha da Maconha e o fim do nepotismo nos tribunais. "Hoje, não se
pode mais separar o Judiciário do CNJ" , concluiu.
Fonte: Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente: