Segurança nos fóruns beneficia toda a sociedade, lembra deputado Sargento Rodrigues
Ao
participar de debate na Assembleia Legislativa nesta terça-feira, 16, o
presidente do SINDOJUS/MG, Wander da Costa Ribeiro, relatou inúmeros
casos de agressão contra oficiais durante o serviço. Um oficial atacado
com um machado em uma fazenda próxima a Uberaba, outro que ficou surdo
depois de agredido e até uma profissional que teve o rosto desfigurado
durante o trabalho estiveram entre os exemplos expostos por Ribeiro.
“Não temos nenhum treinamento sobre segurança pessoal, não temos porte
de arma e trabalhamos praticamente sozinhos. Vamos a fazendas e somos
recebidos por capatazes armados até os dentes”, disse. “Quando ligamos
para a polícia em uma situação de risco, existe grande má vontade em nos
atender, precisávamos de uma linha direta, só para os oficiais que
precisassem de algum reforço”, afirmou.
Todas
as reclamações e denúncias do presidente do SINDOJUS/MG foram
apresentadas durante audiência pública, no Plenarinho I da Assembléia,
sobre “a segurança nos prédios dos fóruns das várias comarcas do estado,
bem como a formação de colegiado de juízes para processo e julgamento,
em primeiro grau de jurisdição, de crimes praticados por organizações
criminosas”. Foram tão chocantes e contundentes tais denúncias que os
deputados que integram a Comissão de Segurança Pública da Casa,
responsável pela realização da audiência de hoje (veja mais informações em vídeo e no site
da Assembleia), decidiram realizar nova audiência pública voltada
somente para a segurança dos oficiais de justiça. Ao final, o presidente
do Sindicato entregou aos membros da Comissão de Segurança Pública um
ofício (veja CÓPIA) com várias reivindicações de providências da Casa em relação à segurança dos oficiais de justiça.
A
audiência foi requerida pelos deputados Sargento Rodrigues (PDT) e
Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e conduzida pela Comissão de Segurança
Pública da Assembleia, que é constituída pelos deputados João Leite
(PSDB), Sargento Rodrigues (PDT), Cabo Júlio (PMDB), Lafayette de
Andrada (PSDB) e Leonardo Moreira (PSDB). O debate teve as participações
de representantes das seguintes instituições: Wander da Costa Ribeiro
(presidente do SINDOJUS/MG), Walter Luiz de Melo (presidente da Comissão
de Segurança da Amagis), Eli Lucas de Mendonça (desembargador), Eduardo
Cirino Generoso (defendor público), Andréa Abritta Garzon Tonet
(defensora pública-geral do Estado de Minas Gerais), Fernando Campelo
Martelleto (diretor jurídico da Associação dos Defensores Públicos de
Minas Gerais), Shirley Fenzi Bertão (procuradora de justiça e 1ª
vice-presidente da Associação Mineira do Ministério Público de Minas
Gerais), Renato Batista Carvalhais (assistente militar do TJMG), Robert
Wagner França (presidente Sinjus/MG), Sandra Silvestrini (presidente do
Serjusmig), Wanderson Casterlar Gonçalves (vereador de Juiz de Fora),
Nicolas Macedo (defensor público), César Augusto Hygino Porto
(presidente da Associação dos Advogados de Minas Gerais).
Como
foi debatida a segurança pública apenas no âmbito do sistema judiciário
estadual, os oficiais de justiça avaliadores da Justiça Federal
Hebe-Del Kader Bicalho (coordenador geral do SITRAEMG) e Welington
Gonçalves (presidente da Assojaf/MG) estiveram presentes, mas apenas
como espectadores, não participando da roda de discussões.
Veja, a seguir, destaques das falas de alguns dos expositores:
Deputado Sargento Rodrigues – Exibiu
cópias de várias reportagens da grande imprensa registrando atos de
violência cometidos contra magistrados e servidores do Judiciário
estadual. Citou, ainda, as várias agressões ocorridas contra defensores
públicos, promotores e servidores dessas duas instituições. “Devemos
lembrar que a segurança nos fóruns não diz respeito apenas aos
magistrados e servidores, mas também aos cidadãos, aos jurisdicionados”,
alertou o parlamentar, esclarecendo que o objetivo da audiência pública
era ouvir as representações presentes, saber o que o Tribunal de
Justiça está fazendo para garantir a segurança de todos (membros do
TJMG, MP e Defensoria, e seus servidores) e construir uma proposta
visando ao aperfeiçoamento dessa segurança.
Deputado Dalmo Ribeiro Silva – Ex-presidente
da OAB/subseção Ouro Fino, na comarca do Sul de Minas, sua terra natal,
o deputado lembrou que 75% das 296 comarcas do estado não dispõem de
sistema de segurança em seus fóruns.
Desembargador Herbert José Almeida Carneiro, presidente da Amagis/MG – Informou
que pesquisa recente realizada pela Amagis em algumas comarcas, a
respeito da vulnerabilidade dos magistrados, apontou vários registros de
insegurança: invasão de fóruns, furtos, ameaças a juízes etc. Ele
opinou que o Tribunal de Justiça e o Ministério Público, assim como a
OAB/MG e a Defensoria Pública, devem avançar mais no quesito segurança
dos fóruns e das pessoas que nele trabalham. E antecipando que o TJMG
deve enviar à Assembleia, até setembro, anteprojeto de lei modificando a
Lei de Organização e Divisão Judiciárias do Estado, disse esperar que a
questão da segurança seja contemplada na proposta. Sustentando que, em
vários estados, foram criados fundos para garantir recursos para a
segurança nos estabelecimentos do Judiciário, o desembargador
reivindicou a destinação de parte do fundo que está sendo criado para o
TJMG – com a transferência dos recursos arrecadados com as custas
judiciais para o orçamento do Judiciário, prevista em projeto de lei em
tramitação na Assembleia Legislativa – para o sistema de segurança da
Justiça estadual. Ao final de sua participação no debate, ele entregou
aos membros da Comissão de Segurança Pública da Assembléia uma sugestão
de anteprojeto de lei nesse sentido.
Shirley Fenzi Bertão, procuradora de justiça e 1ª vice-presidente da AMMP – Afirmou
que são também muito frequentes os casos de agressões aos promotores de
justiça em Minas e rememorou o assassinato do promotor Francisco José
Lins do Rego Santos, em Belo Horizonte, em via pública e em plena luz do
dia, ocorrido há 11 anos, mais precisamente em 25 de janeiro de 2002. O
promotor investigava a máfia dos combustíveis em Minas, que chegava a
desviar até 15% da arrecadação total de ICMS do estado. “Se fazem isso
com promotor e com juiz, imaginem com o cidadão comum”, comparou.
Andréa Abritta Garzon Tonet, defensora pública-geral do Estado – Reclamou
que a Defensoria é tratada como se não pertencesse ao sistema de
Justiça do estado. “Em matéria de segurança, não temos nada”, disse
constatar, informando que já pediu segurança para os prédios da
Defensoria Pública, que são constantemente invadidos, mas não consegue
nada. Quase 30 anos depois da promulgação da Constituição Federal em
vigor, acrescentou, a Defensoria Pública de Minas é tratada como
instituição menos importante. “Mas é preciso que saibam que a Defensoria
Pública integra o sistema da Justiça. Quero integrar esse sistema. Por
favor, escutem a DF”, cobrou.
Sandra Silvestrini, presidente do Serjusmig – Relatou
a ocorrência de vários casos de agressões e até assassinato de
servidores nos fóruns da Justiça pelo estado, reclamou a falta de
treinamento e proteção para os servidores que realizam diligências e fez
um apelo ao Tribunal para que pense na segurança dos serventuários
desde a construção dos prédios dos fóruns, prevenindo situações futuras
de insegurança. Ela também pediu que o Tribunal instrua a direção dos
fóruns a evitarem manter, em suas dependências, as armas apreendidas e
outros produtos, equipamentos ou matérias desnecessários e que atraiam
marginais, para reduzir a insegurança dos servidores.
Robert Wagner França – Ressaltou
que o Conselho Nacional de Justiça tem se mostrado bastante preocupado
com a segurança dos fóruns e tribunais, e que a Amagis e o TJMG
trabalham de forma “enfática” na questão da segurança no Judiciário
mineiro. Manifestou-se particularmente preocupado com a segurança nos
arredores dos prédios do Tribunal. Segundo ele, é crescente o número de
assaltos e furtos a servidores nesses locais. Diante disso, pediu ao
setor de Segurança do Tribunal que mantenha entendimentos com a Polícia
Militar no sentido de aumentar o número de viaturas policiais nesses
locais. “Estamos diante de uma série de problemas; devemos ampliar,
avançar”, resumiu.
Robert também tentou aprofundar em sua
observação sobre a falta de segurança política e jurídica que se
verifica no momento na relação da administração do Tribunal com os
servidores, a partir da quebra do acordo do presidente Joaquim Herculano
Rodrigues relativamente à implementação do reajuste escalonado para a
categoria. Porém, foi interrompido pelo deputado João Leite (PSDB),
presidente da Comissão de Segurança Pública e da mesa, mas também
integrante da base de apoio ao governo estadual. Mesmo assim, deixou seu
recado, dizendo que observa-se um mau uso da estrutura de segurança do
Tribunal. “Em vez de estar sendo usada para impedir que os servidores –
que não representam qualquer perigo para o Tribunal – acompanhem as
reuniões do Òrgão Especial, por que o setor de segurança não se volta
para os fóruns, magistrados e servidores?”, questionou.
Desembargador Wanderley Salgado
de Paiva, presidente do CESI (Centro de Segurança Institucional do TJMG)
e representante do presidente do Tribunal, desembargador Joaquim
Herculano Rodrigues – Ele
destacou a atuação do setor e as ações colocadas atualmente em execução
nos prédios do Tribunal e dos fóruns. A propósito das várias situações
de insegurança elencadas pelos outros expositores, o Sesi está
elaborando um projeto que, se executado em todas as comarcas, acabará de
vez com os problemas de segurança na Justiça mineira. Ele será
implantado inicialmente em seis comarcas, até agosto próximo. O objetivo
é levá-lo, posteriormente, a todas as 296 comarcas. Isso dependerá, no
entanto, de recursos orçamentários.
O deputado Sargento Rodrigues interrompeu
a fala do desembargador para lhe repassar uma pergunta que estava sendo
feita por um dos muitos oficiais de justiça presentes na audiência.
Perguntou o servidor: “Quem despacha os mandados à noite e quem vai
cumprir”. Ao que respondeu o desembargador: quem despacha é o juiz e
quem cumpre são os oficiais de justiça. Mas, indagado pelo deputado
sobre a segurança do oficial de justiça, Wanderley Salgado de Paiva
disse que o oficial conta o apoio da Polícia Militar, arrancando
gargalhadas dos oficiais de todos os oficiais presentes. Ele cometeu
outra gafe ao afirmar que os oficiais de justiça não precisam ir aos
presídios e penitenciárias para levar os mandados de alvará de soltura.
Poderiam fazê-lo online, pelo Setarin, ou entregar ao delegado de
plantão. Mais gargalhados dos oficiais de justiça.
Fonte: SINDOJUS/MG
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