Fonte: http://www.diariodeumjuiz.com/
O Presidente nacional da OAB quer, segundo o Painel do jornal “Folha  de S. Paulo” de hoje, mobilizar a CNBB e conseguir mais de um milhão de  assinaturas pró-CNJ, em defesa da transparência do Poder Judiciário. Ele  poderia mais, e antes, contudo.
Poderia, presidindo essa poderosa Corporação de Ofício, verdadeiro  cartel que impede milhares de bacharéis de advogarem, monopolizando  aquilo que se denominou de ‘capacidade postulatória’ (como se apenas os  Advogados fossem capazes de postular…), abrir as contas de sua própria  entidade.
Poderia dizer se recebe algum benefício enquanto está a frente dela.  Se os demais Conselheiros da Seção Federal também recebem. E mais: se os  presidentes e conselheiros estaduais percebem alguma benesse, a  justificar disputas tão aguerridas pelo comando da entidade, nos mais  diversos entes da Federação.
Poderia dizer qual a arrecadação anual da OAB; quanto disso decorre  das contribuições; quanto dos obrigatórios exames para ingressar na  Ordem; quanto vêm das taxas de mandato, e quais são as demais fontes de  custeio da entidade.
Poderia jogar luzes nas despesas que a Ordem tem em todo o país, e  qual a razão dela, sendo tão rica e poderosa, ocupar espaços gratuitos  nos fóruns do país todo (os quais, como se sae, mal dão para suportar a  estrutura cartorária e os milhões de processos, muitas vezes guardados  em banheiros e corredores).
Poderia explicar por que não faz da implantação efetiva das  Defensorias Públicas uma bandeira da OAB, eis que referido órgão  prestaria à população carente o essencial direito de defesa, bem como o  direito de ação nos casos realmente necessários.
Poderia explicar por que pretende deslocar o gerenciamento das verbas  destinadas ao convênio da Defensoria com a OAB/SP para a Secretaria da  Justiça, amputando ainda mais a Defensoria Pública no Estado mais rico  da Federação.
Poderia justificar por que seus advogados propõem ações vãs, apenas  na expectativa de receber certidões de honorários, uma vez que estão  vilipendiados pelo inchaço profissional, decorrente da proliferação de  Faculdades de Direito - fato que conta com a omissão complacente dos  dirigentes da OAB.
Poderia justificar por que prefere fazer o exame da Ordem a  fiscalizar as condições dos cursos de Direito; ou seja: por que não  garante ao cidadão um ensino condigno, exercendo seu papel de agente  fiscalizador dos cursos jurídicos no Brasil.
Poderia explicar qual a natureza jurídica desse cartel que preside:  se é entidade privada, se é pública e, afinal, por que razão não se  submete às regras de licitação para comprar e contratar.
Ao fim e ao cabo, poderia tratar de jogar luzes sobre a entidade que  preside, antes de apontar os dedos para quaisquer dos Poderes da  República - todos eles fiscalizados pelos demais Poderes, por Tribunais  de Contas, pelo Ministério Público - além da fiscalização processual,  por meio dos recursos cabíveis (quando a questão é jurisdicional).
Poderia ainda, e finalmente, defender o fim do corporativismo a  partir da extinção de seus próprios Tribunais de Ética e Disciplina,  permitindo que juízes e promotores públicos julgassem e aferissem a  ética e o comprometimento de cada Advogado.
Em suma, poderia deixar de ser hipócrita, e fazer a sua parte
Transparência não é bandeira, não é carta de princípios: é ação. É  prestação de contas que se faz no dia-a-dia. É assunção de  responsabilidades, e não oba-oba na mídia, como se se tratasse de  cortina de fumaça para desviar atenção do que realmente importa: a conduta de cada instituição, no País que queremos.
Boca do Inferno.
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente: