quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

AJUFE pede que CNJ fiscalize também a OAB.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) defende com unhas e dentes (e todas as partes do corpo), que o Judiciário, o Ministério Público, o Poder Executivo, o Poder Legislativo e os Tribunais de Contas tenham um controle externo. Defende ainda que o controle externo tenha amplos poderes investigatórios e disciplinar, preferencialmente com alguns membros da advogacia entre membros do referido conselho (de controle externo). Mas quando se fala em controle externo da OAB, seria inconstitucional, antidemocrático, etc. Logo, "pimenta nos olhos dos outros é refresco".

A fiscalização da OAB pelo CNJ é uma sugestão maravilhosa e brilhante da Ajufe. A OAB recolhe contribuições anuais de todos os advogados brasileiros. Essas contribuições são obrigatórias e necessárias para uma pessoa exercer a profissão de advogado. Portanto é um "imposto" e nenhum cidadão que exerça a advocacia pode deixar de pagar. A Ordem dos Advogados do Brasil cobra "impostos" dos advogados e não presta contas a nenhum orgão de controle. Isso é um verdadeiro absurdo.

É necessário e urgente que a OAB seja obrigada a prestar contas e ter um controle externo, seja pelo CNJ, Ministério Público ou outro conselho, desde que haja membros de todos os poderes da República e de cidadãos, nos mesmos moldes do CNJ.

Somente depois que a OAB tiver seu controle externo é que terá legitimidade para defender controle sobre outros órgãos. Antes disso é falácia e pura propaganda o presidente da OAB vir a público falar de controle, transparência ou prestação de contas de outros órgãos.

InfoJus BRASIL: o blog de informações dos oficiais de Justiça do Brasil.

Veja a reportagem publicada na Revista Consultor Jurídico, de 10 de janeiro de 2011:
(link: http://www.conjur.com.br/2012-jan-10/juizes-federais-pedem-oab-tambem-seja-fiscalizada-cnj)

Fogo cruzado

Juízes pedem que OAB seja fiscalizada pelo CNJ
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) divulgou nota sugerindo que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seja fiscalizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A associação está reagindo à convocação do presidente da OAB, Ophir Cavalcante, a um ato público em defesa das atribuições do Conselho Nacional de Justiça para processar e julgar questões ético-disciplinares envolvendo magistrados, marcado para o próximo dia 31.

O “contra-ataque” dos juízes afirma que, por ser “autarquia imprescindível à administração da Justiça”, os recursos administrados pela OAB e a atuação de seus membros “mereceria total atenção” do CNJ. A nota ainda alfineta os advogados, ao dizer que, submetendo a Ordem à vigilância do CNJ, seria evitada “a imensa quantidade de queixas por apropriações indébitas praticadas por advogados contra os cidadãos comuns”.

A associação de juízes diz ainda que a investigação do CNJ (logo, o apoio à esta) é uma intimidação a juízes e seus familiares por meios ilegais.

Para Ophir Cavalcante, presidente do Conselho Federal da OAB, a nota representa uma resistência sem sentido ao CNJ e ao papel que exerce. "Reflete um corporativismo desproporcional, cujo objetivo é desviar o foco do cerne da questão, que são os poderes do CNJ. Trata-se de uma cortina de fumaça para fugir do debate."

Leia abaixo a nota divulgada pela Ajufe.

Com relação à notícia de que o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, pretende realizar ato em defesa das atribuições do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), vem a público informar à população que o papel do CNJ é fundamental no aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito, com vistas a conferir maior eficiência ao Poder Judiciário e na apuração de eventuais irregularidades. Tal missão, por outro lado, deve ser desempenhada dentro dos estritos limites legais e constitucionais, mas sempre visando à absoluta transparência institucional.

Nessa linha, sendo a OAB autarquia imprescindível à administração da Justiça, nos termos do art. 133 da Constituição da República, é imperativo que igualmente aquela instituição esteja sujeita à fiscalização pelo CNJ, inclusive sob o aspecto disciplinar. Entende, pois, a Ajufe que ante o caráter público da OAB, os recursos por ela administrados e a atuação dos seus membros mereceria total atenção do CNJ.

Isso evitaria, sem sombra de dúvida, a imensa quantidade de queixas por apropriações indébitas praticadas por advogados contra os cidadãos comuns, permitindo ao CNJ punir os maus advogados, honrando, assim, a imensa maioria dos causídicos honestos e que tanto lutam pelo aperfeiçoamento da democracia brasileira, mas que têm a consciência de que a intimidação de juízes e familiares por meios ilegais em nada contribui para esse objetivo.

Fabrício Fernandes de Castro
Presidente Interino da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe)
Revista Consultor Jurídico, 10 de janeiro de 2012

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